29 de Outubro - Dia nacional do livro


O dia 29 de outubro foi escolhido para ser o “Dia Nacional do Livro” por ser a data de aniversário da fundação da Biblioteca Nacional, que nasceu com a transferência da Real Biblioteca portuguesa para o Brasil.
Seu acervo de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, moedas, medalhas, etc., ficava acomodado nas salas do Hospital da Ordem Terceira do Carmo, no Rio de Janeiro.
A biblioteca foi transferida em 29 de outubro de 1810 e essa passou a ser a data oficial de sua fundação.
Fonte: ArthurHenrique

21 DE MARÇO DIA MUNDIAL DA POESIA


O dia 21 de março, comemorado em mais de cem países, é a data promulgada pela UNESCO para ser celebrada como Dia Mundial da Poesia.

Grandes poetas brasileiros fazem parte da nossa história poética de todos os tempos. Adélia Prado, Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Cecília Meirelles, Cora Coralina, Ferreira Gullar, Gregório de Matos, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Mario Quintana, Olavo Bilac, Mário de Andrade, Murilo Mendes, Paulo Mendes Campos e Vinícius de Moraes são apenas alguns de nossos melhores.

- Poesia - manifestação literária que se diferencia da prosa, na forma e no conteúdo. A palavra poesia é herdada do grego, "poíesis", "ação de fazer algo", pelo latim - "poese", + "-ia" que significa"criação".

Entre os maiores poetas da humanidade estão o italiano Dante Alighiere, autor da obra"Divina Comédia", o português Luís de Camões, autor do célebre poema épico "Os Lusíadas" e o brasileiro Olavo Bilac, autor de "O Pássaro Cativo".

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, nasceu no Rio de Janeiro, em 1865, e aí morreu, em 1918. Poeta parnasianista, apresentou várias temáticas em sua obra. Escreveu sobre quadros da Antigüidade, fatos da história brasileira e expressou seu mundo interior através da poesia lírica amorosa e pessoal.

Suas obras são: "Panóplias", "Via Láctea", "Sarças de Fogo", "Alma Inquieta", "As Viagens" e "O Caçador de Esmeraldas". Estes livros foram reunidos em "Poesia", lançado em 1902.
O PÁSSARO CATIVOOlavo Billac

Armas num galho de árvore o alçapão; E, em breve, uma avezinha descuidada, Batendo as asas cai na escravidão.
Dá-lhes, então, por esplêndida morada,A gaiola dourada.Dá-lhes alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo: Por que é que, tendo tudo, há de ficarO passarinho mudo, Arrepiado e triste, sem cantar?
É que, criança, os pássaros não falam.Só gorjeando a sua dor exalam, Sem que os homens os possam entender;Se os pássaros falassem, Talvez os teus ouvidos escutassemEste cativo pássaro dizer:
"Não quero o teu alpiste!Gosto mais do alimento que procuroNa mata livre em que voar me viste;Tenho água fresca num recanto escuroDa selva em que nasci;Da mata entre os verdores,Tenho frutos e flores, Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!Pois nenhuma riqueza me consolaDe haver perdido aquilo que perdi... Prefiro o ninho humilde, construídoDe folhas secas, plácido, e escondidoEntre os galhos das árvores amigas... Solta-me ao vento e ao sol!Com que direito à escravidão me obrigas? Quero saudar as pompas do arrebol! Quero, ao cair da tarde, entoar minhas tristíssimas cantigas! Por que me prendes? Solta-me covarde! Deus me deu por gaiola a imensidade: Não me roubes a minha liberdade...Quero voar! Voar!..."
Estas coisas o pássaro diria,Se pudesse falar.E a tua alma, criança, tremeria, Vendo tanta aflição:E a tua mão, tremendo, lhe abririaA porta da prisão...
Os LusíadasLuís Vaz de Camões
Canto Primeiro Parte1
1 - (Assunto do Poema)
As armas e os barões assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; 2 - E também as memórias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando; E aqueles, que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando; Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. 3 - Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antígua canta, Que outro valor mais alto se alevanta. 4 - (Invocação às Ninfas do Tejo) E vós, Tágides minhas, pois criado Tendes em mim um novo engenho ardente, Se sempre em verso humilde celebrado Foi de mim vosso rio alegremente, Dai-me agora um som alto e sublimado, Um estilo grandíloquo e corrente, Porque de vossas águas, Febo ordene Que não tenham inveja às de Hipoerene. 5 - Dai-me uma fúria grande e sonorosa, E não de agreste avena ou frauta ruda, Mas de tuba canora e belicosa, Que o peito acende e a cor ao gesto muda; Dai-me igual canto aos feitos da famosa Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; Que se espalhe e se cante no universo, Se tão sublime preço cabe em verso. 6 - (Dedicatória ao Rei Dom Sebastião)
E vós, ó bem nascida segurança Da Lusitana antígua liberdade, E não menos certíssima esperança De aumento da pequena Cristandade; Vós, ó novo temor da Maura lança, Maravilha fatal da nossa idade, Dada ao mundo por Deus, que todo o mande, Para do mundo a Deus dar parte grande; ...
A Divina ComédiaPoema épico de Dante Alighieri

Nel mezzo del cammin di nostra vita mi ritrovai per una selva oscura ché la diritta via era smarrita.
Ahi quanto a dir qual era è cosa dura esta selva selvaggia e aspra e forteche nel pensier rinova la paura!
Tant'è amara che poco è più morte; ma per trattar del ben ch'i' vi trovai, dirò de l'altre cose ch'i' v'ho scorte.
Io non so ben ridir com'i' v'intrai, tant'era pien di sonno a quel punto che la verace via abbandonai.
Pesquisa em diversos sites por Lika Dutra
SONETO DA SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o pranto.
De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura erranteDe repente, não mais que de repente.
Autor: Vinícius de MoraesEnviado por: Dulce
SEU ORGULHO
Seu orgulho é como uma mentira que conta sem dó nem piedadecala a minha boca e no final não quer ouvir. Seu orgulho é como uma doença sem cura,uma epidemia que vai se multiplicando;
Seu orgulho é como o final da vida que só na morte pede perdão de seus erros.
Autora: Adriana Silva Gonçalves
C I Ú M E S

No espaço sideral, O amor desabrochou De maneira formal A Lua se apaixonou
Quieta em seu canto Curtia sua paixão Fascinada em encantos, Ampliava a aspiração
Aspiração desconhecida Fluía em seu interior Aquilo dava-lhe a vida, Junto, adveio o amor
Para ganhar o amado A Lua não se acanhou, Encheu-se de agrados E ao Sol se mostrou
O amor ao Astro-Rei Foi logo correspondido Mas, o ciúmes da Lua Deu tudo por perdido
No céu lindas estrelas Criavam seus bailados, Em seqüências arteiras Deixavam o Sol admirado!
Das rivais, a Lua enciumou Seu amor passou a ódio E este, a sufocou
A Lua sem a percepção Não notou que as estrelas Acolhiam do Astro-Rei, O amor de um irmão!!!


Autor: Manuel de Almeida (Manal)
Fonte: velhos amigos.com.br

14 de Março de nacional da Poesia

Poeta brasileiro homenageado com o dia da poesia
A poesia é a arte da linguagem humana, do gênero lírico, que expressa sentimento através do ritmo e da palavra cantada. Seus fins estéticos transformaram a forma usual da fala em recursos formais, através das rimas cadenciadas.
As poesias fazem adoração a alguém ou a algo, mas pode ser contextualizada dentro do gênero satírico também.
Existem três tipos de poesias: as existenciais, que retratam as experiências de vida, a morte, as angústias, a velhice e a solidão; as líricas, que trazem as emoções do autor; e a social, trazendo como temática principal as questões sociais e políticas.
A poesia ganhou um dia específico, sendo este criado em homenagem ao poeta brasileiro Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), no dia de seu nascimento, 14 de março.
Castro Alves ficou conhecido como o “poeta dos escravos”, pois lutou grandemente pela abolição da escravidão. Além disso, era um grande defensor do sistema republicano de governo, onde o povo elege seu presidente através do voto direto e secreto.
Sua indignação quanto ao preconceito racial ficou registrada na poesia “Navio Negreiro”, chegando a fazer um protesto contra a situação em que viviam os negros. Mas seu primeiro poema que retratava a escravidão foi “A Canção do Africano”, publicado em A Primavera.
Cursou direito na faculdade do Recife e teve grande participação na vida política da Faculdade, nas sociedades estudantis, onde desde cedo recebera calorosas saudações.
Castro Alves era um jovem bonito, esbelto, de pele clara, com uma voz marcante e forte. Sua beleza o fez conquistar a admiração dos homens, mas principalmente as paixões das mulheres, que puderam ser registrados em seus versos, considerados mais tarde como os poemas líricos mais lindos do Brasil.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

02 de Abril Dia Internacional do Livro Infantil

Hans Christian e um de seus principais personagens – O Patinho Feio
A literatura infantil surgiu no século XVII, no intuito de educar as crianças moralmente.
Em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, foi criado o dia internacional do livro infantil, que é comemorado na data de seu nascimento; em virtude das inúmeras histórias criadas por ele.
Dentre as mais conhecidas mundialmente estão “O Patinho Feio”, “O Soldadinho de Chumbo”, “A Pequena Sereia” e “As Roupas Novas do Imperador”.
A data é conhecida e comemorada mundialmente, em mais de sessenta países, como forma de incentivar e despertar nas crianças o gosto pela leitura.
Tanto os clássicos da literatura infantil quanto os livros somente ilustrados, proporcionaram o desenvolvimento do imaginário das crianças, bem como o aspecto cognitivo, desenvolvendo seu aprendizado em várias áreas da vida.
As histórias reportam valores morais e éticos, que levam o sujeito a repensar suas atitudes do cotidiano, numa reflexão que pode modificar sua ação, tornando-a melhor enquanto pessoa.
Segundo Humberto Eco – escritor, filósofo e linguista italiano – a literatura infantil traz sentido aos fatos que acontecem na vida, envolvendo as crianças. Dessa forma, "qualquer passeio pelos mundos ficcionais tem a mesma função de um brinquedo infantil.
As crianças brincam com a boneca, cavalinho de madeira ou pipa a fim de se familiarizar com as leis físicas do universo e com os atos que realizarão um dia".
Todos os anos a Internacional Board on Books for Young People, oferece o troféu “Hans Christian”, como sendo o prêmio Nobel desse gênero, algumas escritoras brasileiras já foram homenageadas, como Lygia Bojunga, no ano de 1982, e Ana Maria Machado, em 2000.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

18 de Abril Dia nacional da literatura infanto-juvenil

Monteiro Lobato e alguns de seus personagens
O dia 18 de abril foi instituído como o dia nacional da literatura infantil, em homenagem à Monteiro Lobato.
“Um país se faz com homens e com livros”. Essa frase criada por ele demonstra a valorização que o mesmo dava à leitura e sua forte influência no mundo literário.
Monteiro Lobato foi um dos maiores autores da literatura infanto-juvenil, brasileira. Nascido em Taubaté, interior de São Paulo, em 18 de abril de 1882, iniciou sua carreira escrevendo contos para jornais estudantis. Em 1904 venceu o concurso literário do Centro Acadêmico XI de Agosto, época em que cursava a faculdade de direito.
Como viveu um período de sua vida em fazendas, seus maiores sucessos fizeram referências à vida num sítio, assim criou o Jeca Tatu, um caipira muito preguiçoso.
Depois criou a história “A Menina do Nariz Arrebitado”, que fez grande sucesso. Dando sequência a esses sucessos, montou a maior obra da literatura infanto-juvenil: O Sítio do Picapau Amarelo, que foi transformado em obra televisiva nos anos oitenta, sendo regravado no final dos anos noventa.
Dentre seus principais personagens estão D. Benta, a avó; Emília, a boneca falante; Tia Nastácia, cozinheira e seus famosos bolinhos de chuva, Pedrinho e Narizinho, netos de D. Benta; Visconde de Sabugosa, o boneco feito de sabugo de milho, Tio Barnabé, o caseiro do sítio que contava vários “causos” às crianças; Rabicó, o porquinho cor de rosa; dentre vários outros que foram surgindo através das diferentes histórias. Quem não se lembra do Anjinho da asa quebrada que caiu do céu e viveu grandes aventuras no sítio?
Dentre suas obras, Monteiro Lobato resgatou a imagem do homem da roça, apresentando personagens do folclore brasileiro, como o Saci Pererê, negrinho de uma perna só; a Cuca, uma jacaré muito malvada; e outros. Também enriqueceu suas obras com obras literárias da mitologia grega, bem como personagens do cinema (Walt Disney) e das histórias em quadrinhos.
Na verdade, através de sua inteligência, mostrou para as crianças como é possível aprender através da brincadeira. Com o lançamento do livro “Emília no País da Gramática”, em 1934, mostrou assuntos como adjetivos, substantivos, sílabas, pronomes, verbos e vários outros. Além desse, criou ainda Aritmética da Emília, em 1935, com as mesmas intenções, porém com as brincadeiras se passando num pomar.
Monteiro Lobato morreu em 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade, no ano de 2002 foi criada uma Lei (10.402/02) que registrou o seu nascimento como data oficial da literatura infanto-juvenil.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Discurso da Posse de Barack Obama


É importante registrar o discurso da posse de BarackObama, para que possamos acompanhar e comentar sobre a teória e a prática da administração público deste presidente que marca a hisória presidencial dos Estados Unidos...


"Obrigado (Obama, Obama)


Meus compatriotas, Aqui me encontro hoje humilde diante da tarefa à nossa frente, agradecido pela confiança depositada por vocês, atento aos sacrifícios feitos por nossos ancestrais. Agradeço ao presidente Bush pelos seus serviços a esta nação, assim como pela generosidade e pela cooperação mostradas durante esta transição.

Quarenta e quatro americanos, até hoje, prestaram o juramento presidencial. Suas palavras foram ditas durante a maré ascendente da prosperidade e nas águas calmas da paz. Mas frequentemente o juramento é prestado em meio a nuvens crescentes e tempestades ruidosas. Nestes momentos a América foi em frente não apenas graças ao talento e à visão daqueles no poder, mas porque nós, o povo, permanecemos fiéis aos ideais de nossos antecessores e aos nossos documentos fundadores. Foi assim e deve ser assim com esta geração de americanos.

É bem sabido que estamos no meio de uma crise. Nossa nação está em guerra contra uma rede de violência e ódio de longo alcance. Nossa nação está bastante enfraquecida, uma consequência da ganância e da irresponsabilidade de alguns, mas também da nossa incapacidade coletiva de tomar decisões difíceis e preparar a nação para uma nova era. Lares foram perdidos; empregos foram cortados; empresas destruídas.

Nossa saúde é cara demais; nossas escolas deixam muitos para trás; e cada dia traz novas evidências de que a forma como usamos a energia fortalece nossos adversários e ameaça nosso planeta. Eles [os desafios] não serão superados facilmente ou num curto período de tempo.

Mas saiba disso, América: eles serão superados. Estes são os indicadores de uma crise, tema de dados e estatísticas. Menos mensurável, mas não menos profundo, é o solapamento da confiança por todo o nosso país.
Um medo persistente de que o declínio da América seja inevitável, e que a próxima geração deva ter objetivos menores.

Hoje eu lhes digo que os desafios diante de nós são reais. São sérios e são muitos. Eles não serão superados facilmente ou num curto período de tempo.

Mas saiba disso, América: eles serão superados. (aplausos) Neste dia nós nos unimos porque escolhemos a esperança e não o medo, a unidade de objetivo, e não o conflito e a discórdia.

Neste dia viemos proclamar o fim de nossos choramingos e falsas promessas, as recriminações e os dogmas desgastados, que por tempo demais estrangularam nossa política. Ainda somos uma nação jovem, mas, nas palavras das Escrituras, chegou a hora de acabar com as coisas de menino.

Chegou a hora de reafirmar nosso espírito resistente; de optar pela nossa melhor história; de levar adiante esse dom precioso, essa nobre ideia, passada de geração em geração: a promessa divina de que todos são livres, todos são iguais e todos merecem a chance de lutar por sua medida justa de felicidade.
Fonte: Revista Época

Lenda, história e Deusa da mitologia Grega

AFRODITE
Afrodite, na mitologia grega, era a deusa da beleza e da paixão sexual. Originário de Chipre, seu culto estendeu-se a Esparta, Corinto e Atenas.
Seus símbolos eram a pomba, a romã, o cisne e a murta. No panteão romano, Afrodite foi identificada com Vênus.
A mitologia oferecia duas versões de seu nascimento: segundo Hesíodo, na Teogonia, Cronos, filho de Urano, mutilou o pai e atirou ao mar seus órgãos genitais, e Afrodite teria nascido da espuma (em grego, aphros) assim formada; para Homero, ela seria filha de Zeus e Dione, sua consorte em Dodona.
Por ordem de Zeus, Afrodite casou-se com Hefesto, o coxo deus do fogo e o mais feio dos imortais. Foi-lhe muitas vezes infiel, sobretudo com Ares, divindade da guerra, com quem teve, entre outros filhos, Eros e Harmonia.
Outros de seus filhos foram Hermafrodito, com Hermes, e Príapo, com Dioniso. Entre seus amantes mortais, destacaram-se o pastor troiano Anquises, com quem teve Enéias, e o jovem Adônis, célebre por sua beleza.
Afrodite possuía um cinturão mágico de grande poder sedutor e os efeitos de sua paixão eram irresistíveis.
As lendas freqüentemente a mostram ajudando os amantes a superar todos os obstáculos.
À medida que seu culto se estendia pelas cidades gregas, também aumentava o número de seus atributos, quase sempre relacionados com o erotismo e a fertilidade
Fonte: http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/
AFRODITE
Deusa do amor e da beleza. Na lenda de Homero, ela é dita como sendo a filha de Zeus e Dione, uma de suas consortes, mas na Teogonia de Hesíodo, ela é descrita como nascida da espuma do mar e, etimologicamente, seu nome quer dizer "erguida da espuma". De acordo com Homero, Afrodite é a esposa de Hefaístos, o deus das artes manuais. Seus amantes incluem Ares, deus da guerra, que posteriormente foi representado como seu marido. Era a rival de Perséfone, rainha do mundo subterrâneo, pelo o amor do belo jovem Adônis. Talvez a lenda mais famosa sobre Afrodite diga respeito à causa da Guerra de Tróia. Eris, a personificação da discórdia - a única deusa que não foi convidada ao casamento de Peleu e da ninfa Tétis - ressentida com os deuses, arremessou uma maçã dourada no corredor onde se realizava o banquete, sendo que na fruta estavam gravadas as palavras "à mais bela". Quando Zeus se recusou a julgar entre Hera, Atena, e Afrodite, as três deusas que reivindicaram a maçã pediram à Páris, príncipe de Tróia, para fazer a premiação. Cada deusa ofereceu à Paris um suborno: Hera, prometeu-lhe que seria um poderoso governante; Atena que ele alcançaria grande fama militar; e Afrodite que ele teria a mulher humana mais linda do mundo. Páris declarou Afrodite como a mais bela e escolheu como prêmio Helena, a esposa do rei grego Menelau. O rapto de Helena por Páris foi a causa da Guerra de Tróia.
Fonte: geocities.yahoo.com.br
AFRODITE
Afrodite ou Aphrodite, na mitologia grega, era a deusa da beleza e da paixão sexual. Originário de Chipre, seu culto estendeu-se a Esparta, Corinto e Atenas.
Teogonia
Aphrodite é a Deusa grega do amor, beleza, fertilidade e êxtase sexual. De acordo com o mito mais aceito, ela nasceu quando Uranus (o Deus pai dos Titãs) foi castrado por seu filho Chronos. Chronos atirou os genitais cortados de Uranus no oceano, que começou a ferver e espumar. Do aphros ("espuma do mar"), se ergueu Aphrodite e o mar a carregou para Chipre. Por isso um de seus epítetos é Kypris. Assim, Aphrodite é de uma geração mais antiga que a maioria dos outros Deuses Olímpicos.
Mais tarde, quando o culto de Zeus usurpou o culto a Dione no bosque sagrado de carvalhos em Dodona, os poetas começaram a lhe atribuir a paternidade de Aphrodite, oriunda de sua união com Dione.
A literatura platônica chama a Aphrodite nascida do primeiro mito de Aphrodite Urania, ou Celestial, e a nascida do segundo mito de Aphrodite Pandemos, ou Comum. O platonismo associa Urania com o amor espiritual, enquanto Pandemos é associada ao amor carnal. É interessante notar que Urânia é também associada ao homossexualismo, considerado pelos platônicos como "mais celeste" que o heterossexualismo, atribuído a Pandemos.
Casamento
Após destronar Chronos, Zeus ficou ressentido pois tão grande era o poder sedutor de Aphrodite que ele e os demais Deuses estavam brigando o tempo todo pelos encantos dela, enquanto esta os desprezava a todos. Como vingança e punição, Zeus a fez se casar com o Deus ferreiro Hephaestus. Hephaestus usou toda sua perícia para cobri-la com as melhores jóias do mundo, inclusive um cinto mágico do mais fino ouro, entrelaçado com filigranas mágicas. Isso não foi muito sábio de sua parte, uma vez que quando Aphrodite usava esse cinto mágico, ninguém conseguia resistir a seus encantos.
Relacionamentos e filhos
Aphrodite sempre amou a alegria e o glamour, e nunca se satisfez em ser a esposa caseira do trabalhador Hephaestus. Aphrodite amou e foi amada por muitos deuses e mortais. Dentre seus amantes mortais, o mais famoso foi Adônis. Alguns de seus filhos são Hermaphroditus (com Hermes), Eros (com Zeus), Anteros, Phobos, Deimos e Harmonia (com Ares), Hymenaios e Priapus (com Dionysus) e Enéas (com o mortal Anchises). Os diversos filhos de Aphrodite mostram seu domínio sobre as mais diversas faces do amor e da paixão humanas.
Aphrodite era acompanhada por um séqüito de Graças, ou Cáritas, como eram também conhecidas.
Culto
Suas festas eram chamadas de Aphrodisíacas e eram celebradas por toda a Grécia, especialmente em Atenas e Corinto. Suas sacerdotisas eram prostitutas sagradas, que representavam a Deusa, e o sexo com elas era considerado um meio de adoração e contato com a Deusa. Seus símbolos incluem a murta, o golfinho, o pombo, o cisne, a romã e a limeira. Entre seus protegidos contam-se os marinheiros e artesãos.
Com o passar do tempo, e com a substituição da religiosidade matrifocal pela patriarcal, Aphrodite passou a ser vista como uma Deusa frívola e promíscua, como resultado de sua sexualidade liberal. Parte dessa condenação a seu comportamente veio do medo humano frente à natureza incontrolável dos aspectos regidos pela Deusa do Amor.
Deusas relacionadas
Aphrodite tem atributos comuns com as Deusas Freya (nórdica), Vênus (romana), Turan (etrusca), Ishtar (mesopotâmica) Inanna (suméria) e com a Ashtart (ou Astarte, ou Asterarte - sírio-palestina).
Fonte: pt.wikipedia.org
Portal: São Francisco
ODISSÉIA

Além de constituir, ao lado da Ilíada, obra iniciadora da literatura grega escrita, a Odisséia, de Homero, expressa com força e beleza a grandiosidade da remota civilização grega. A Odisséia data provavelmente do século VIII a.C., quando os gregos, depois de um longo período sem dispor de um sistema de escrita, adotaram o alfabeto fenício.
Na Odisséia ressoa ainda o eco da guerra de Tróia, narrada parcialmente na Ilíada. O título do poema provém do nome do protagonista, o grego Ulisses (Odisseu). Filho e sucessor de Laerte, rei de Ítaca e marido de Penélope, Ulisses é um dos heróis favoritos de Homero e já aparece na Ilíada como um homem perspicaz, bom conselheiro e bravo guerreiro.
A Odisséia narra as viagens e aventuras de Ulisses em duas etapas: a primeira compreende os acontecimentos que, em nove episódios sucessivos, afastam o herói de casa, forçado pelas dificuldades criadas pelo deus Posêidon.
A segunda consta de mais nove episódios, que descrevem sua volta ao lar sob a proteção da deusa Atena. É também desenvolvido um tema secundário, o da vida na casa de Ulisses durante sua ausência, e o esforço da família para trazê-lo de volta a Ítaca. A Odisséia compõe-se de 24 cantos em verso hexâmetro (seis sílabas), e a ação se inicia dez anos depois da guerra de Tróia, em que Ulisses lutara ao lado dos gregos. A ordem da narrativa é inversa: tem início pelo desfecho, a assembléia dos deuses, em que Zeus decide a volta de Ulisses ao lar. O relato é feito, de forma indireta e em retrospectiva, pelo próprio herói aos feaces - povo mítico grego que habitava a ilha de Esquéria. Hábeis marinheiros, são eles que conduzem Ulisses a Ítaca.
O poema estrutura-se em quatro partes: na primeira (cantos I a IV), intitulada "Assembléia dos deuses", Atena vai a Ítaca animar Telêmaco, filho de Ulisses, na luta contra os pretendentes à mão de Penélope, sua mãe, que decide enviá-lo a Pilos e a Esparta em busca do pai. O herói porém encontra-se na ilha de Ogígia, prisioneiro da deusa Calipso. Na segunda parte, "Nova assembléia dos deuses", Calipso liberta Ulisses, por ordem de Zeus, que atendeu aos pedidos de Atena e enviou Hermes com a missão de comunicar a ordem. Livre do jugo de Calipso, que durou sete anos, Ulisses constrói uma jangada e parte, mas uma tempestade desencadeada por Posêidon lança-o na ilha dos feaces (canto V), onde é descoberto por Nausícaa, filha do rei Alcínoo.
Bem recebido pelo rei (cantos VI a VIII), Ulisses mostra sua força e destreza em competições esportivas que se seguem a um banquete. Na terceira parte, "Narração de Ulisses" (cantos IX a XII), o herói passa a contar a Alcínoo as aventuras que viveu desde a saída de Tróia: sua estada no país dos Cícones, dos Lotófagos e dos Ciclopes; a luta com o ciclope Polifemo; o episódio na ilha de Éolo, rei dos ventos, onde seus companheiros provocam uma violenta tempestade, que os arroja ao país dos canibais, ao abrirem os odres em que estão presos todos os ventos; o encontro com a feiticeira Circe, que transforma os companheiros em porcos; sua passagem pelo país dos mortos, onde reencontra a mãe e personagens da guerra de Tróia. Na quarta parte, "Viagem de retorno", o herói volta à Ítaca, reconduzido pelos feaces (canto XIII). Apesar do disfarce de mendigo, dado por Atena, Ulisses é reconhecido pelo filho, Telêmaco, e por sua fiel ama Euricléia, que, ao lavar-lhe os pés, o identifica por uma cicatriz.
Assediada por inúmeros pretendentes, Penélope promete desposar aquele que conseguir retesar o arco de Ulisses, de maneira que a flecha atravesse 12 machados. Só Ulisses o consegue.
O herói despoja-se em seguida dos andrajos e faz-se reconhecer por Penélope e Laerte. Segue-se a vingança de Ulisses (cantos XIV a XXIV): as almas dos pretendentes são arrastadas aos infernos por Hermes e a história termina quando Atena impõe uma plena reconciliação durante o combate entre Ulisses e os familiares dos mortos.
A concepção do poema é predominantemente dramática e o caráter de Ulisses, marcado por obstinação, lealdade e perseverança em seus propósitos, funciona como elemento de unificação que permeia toda a obra. Aí aparecem fundidas ou combinadas uma série de lendas pertencentes a uma antiqüíssima tradição oral com fundo histórico.
Há forte crença de que a Odisséia reúna temas oriundos da época em que os gregos exploravam e colonizavam o Mediterrâneo ocidental, daí a presença de mitos com seres monstruosos no Ocidente, para eles ainda misterioso. Pela extrema perfeição de seu todo, esse poema tem encantado o homem de todas as épocas e lugares.
É consenso na era moderna que a Odisséia completa a Ilíada como retrato da civilização grega, e as duas juntas testemunham o gênio de Homero e estão entre os pontos mais altos atingidos pela poesia universal.
Fonte: www.nomismatike.hpg.ig.com.br


ODISSÉIA

Além de constituir, ao lado da Ilíada, obra iniciadora da literatura grega escrita, a Odisséia, de Homero, expressa com força e beleza a grandiosidade da remota civilização grega. A Odisséia data provavelmente do século VIII a.C., quando os gregos, depois de um longo período sem dispor de um sistema de escrita, adotaram o alfabeto fenício. Na Odisséia ressoa ainda o eco da guerra de Tróia, narrada parcialmente na Ilíada. O título do poema provém do nome do protagonista, o grego Ulisses (Odisseu).
Filho e sucessor de Laerte, rei de Ítaca e marido de Penélope, Ulisses é um dos heróis favoritos de Homero e já aparece na Ilíada como um homem perspicaz, bom conselheiro e bravo guerreiro.
A Odisséia narra as viagens e aventuras de Ulisses em duas etapas: a primeira compreende os acontecimentos que, em nove episódios sucessivos, afastam o herói de casa, forçado pelas dificuldades criadas pelo deus Posêidon. A segunda consta de mais nove episódios, que descrevem sua volta ao lar sob a proteção da deusa Atena.
É também desenvolvido um tema secundário, o da vida na casa de Ulisses durante sua ausência, e o esforço da família para trazê-lo de volta a Ítaca. A Odisséia compõe-se de 24 cantos em verso hexâmetro (seis sílabas), e a ação se inicia dez anos depois da guerra de Tróia, em que Ulisses lutara ao lado dos gregos.
A ordem da narrativa é inversa: tem início pelo desfecho, a assembléia dos deuses, em que Zeus decide a volta de Ulisses ao lar.
O relato é feito, de forma indireta e em retrospectiva, pelo próprio herói aos feaces - povo mítico grego que habitava a ilha de Esquéria. Hábeis marinheiros, são eles que conduzem Ulisses a Ítaca. O poema estrutura-se em quatro partes: na primeira (cantos I a IV), intitulada \"Assembléia dos deuses\", Atena vai a Ítaca animar Telêmaco, filho de Ulisses, na luta contra os pretendentes à mão de Penélope, sua mãe, que decide enviá-lo a Pilos e a Esparta em busca do pai.
O herói porém encontra-se na ilha de Ogígia, prisioneiro da deusa Calipso. Na segunda parte, "Nova assembléia dos deuses", Calipso liberta Ulisses, por ordem de Zeus, que atendeu aos pedidos de Atena e enviou Hermes com a missão de comunicar a ordem. Livre do jugo de Calipso, que durou sete anos, Ulisses constrói uma jangada e parte, mas uma tempestade desencadeada por Posêidon lança-o na ilha dos feaces (canto V), onde é descoberto por Nausícaa, filha do rei Alcínoo.
Bem recebido pelo rei (cantos VI a VIII), Ulisses mostra sua força e destreza em competições esportivas que se seguem a um banquete. Na terceira parte, \"Narração de Ulisses\" (cantos IX a XII), o herói passa a contar a Alcínoo as aventuras que viveu desde a saída de Tróia: sua estada no país dos Cícones, dos Lotófagos e dos Ciclopes; a luta com o ciclope Polifemo; o episódio na ilha de Éolo, rei dos ventos, onde seus companheiros provocam uma violenta tempestade, que os arroja ao país dos canibais, ao abrirem os odres em que estão presos todos os ventos; o encontro com a feiticeira Circe, que transforma os companheiros em porcos; sua passagem pelo país dos mortos, onde reencontra a mãe e personagens da guerra de Tróia.
Na quarta parte, \"Viagem de retorno\", o herói volta à Ítaca, reconduzido pelos feaces (canto XIII). Apesar do disfarce de mendigo, dado por Atena, Ulisses é reconhecido pelo filho, Telêmaco, e por sua fiel ama Euricléia, que, ao lavar-lhe os pés, o identifica por uma cicatriz. Assediada por inúmeros pretendentes, Penélope promete desposar aquele que conseguir retesar o arco de Ulisses, de maneira que a flecha atravesse 12 machados.
Só Ulisses o consegue. O herói despoja-se em seguida dos andrajos e faz-se reconhecer por Penélope e Laerte. Segue-se a vingança de Ulisses (cantos XIV a XXIV): as almas dos pretendentes são arrastadas aos infernos por Hermes e a história termina quando Atena impõe uma plena reconciliação durante o combate entre Ulisses e os familiares dos mortos. A concepção do poema é predominantemente dramática e o caráter de Ulisses, marcado por obstinação, lealdade e perseverança em seus propósitos, funciona como elemento de unificação que permeia toda a obra.
Aí aparecem fundidas ou combinadas uma série de lendas pertencentes a uma antiquíssima tradição oral com fundo histórico.
Há forte crença de que a Odisséia reúna temas oriundos da época em que os gregos exploravam e colonizavam o Mediterrâneo ocidental, daí a presença de mitos com seres monstruosos no Ocidente, para eles ainda misterioso. Pela extrema perfeição de seu todo, esse poema tem encantado o homem de todas as épocas e lugares. É consenso na era moderna que a Odisséia completa a Ilíada como retrato da civilização grega, e as duas juntas testemunham o gênio de Homero e estão entre os pontos mais altos atingidos pela poesia universal.
Fonte: www.mitosedeuses.hpg.ig.com.br


ODISSÉIA
A guerra de Tróia aconteceu por causa do seqüestro de Helena, uma exuberante mulher, que encantava todos com sua beleza. Ela era a mais bela das mulheres daquela época. Eles capturaram Helena na cidade de Roma, e a levaram para Tróia.
Em Tróia havia uma fortaleza, onde nenhuma pessoa conseguia entrar sem permissão.
Este livro conta a história de volta da guerra, onde havia um herói da Grécia antiga, seu nome era Ulisses. Este personagem era o guerreiro que comandava a tropa que combateu a fortaleza de Tróia.
Nesta viagem Ulisses teve várias aventuras fantásticas, pois navegava em busca de acertos de conta. Ele passa por vários lugares, onde cada um é uma história. Sua esposa fazia uma coisa que marcou a história ela tecia um tapete de dia e o desmanchava a noite, tudo isso para enganar seus pretendentes. Nesta história também há a participação de deusas da mitologia Grega: Atenas e Afrodite, Afrodite era a deusa da beleza e do amor, e Atenas era a deusa da sabedoria.
Este livro é uma história em verso, mas foi recontada em prosa, pois foi adaptada para a literatura infantil. Suas falas são empolgantes, que te traz mais vontade de ler. E quando acaba, dá vontade de ler de novo. Espero que goste desta leitura.
Fonte: clvceop.vilabol.uol.com.br


ODISSÍEA

"De repente, uma forte gargalhada ecoou às suas costas. Virou-se, de súbito, novamente assustado, com aquela risada que parecia vir do próprio inferno. A visão que teve o fez pensar que, se de fato ele não estivesse no inferno, os demônios de lá haviam fugido. Seus olhos incrédulos avistaram um homem parado no início da descida por onde ele viera. Usava um enorme chapéu e um sobretudo, também de proporções exageradas. Todo de negro. Estava empunhando uma pá..."
Existem diversos tipos de apreciadores do gênero artístico Horror. Há aqueles que se satisfazem plenamente apenas consumindo os infindáveis produtos relacionados, como filmes, revistas, livros, jogos, etc. E há aqueles que, além de consumir, também gostam de produzir, sejam editar fanzines impressos ou sites na internet, escrever contos e artigos de cinema ou literatura, desenhar ilustrações e histórias em quadrinhos, e muitas outras coisas mais. Toda produção alternativa ou pertencente ao chamado universo "underground", ou seja, feito com recursos próprios, sem o apoio ou financiamento de uma fonte externa, devem sempre ter seu trabalho enaltecido, independente dos resultados. É sempre preferível a produção de materiais com qualidade cada vez maiores, porém todo trabalho realizado com idealismo e iniciativa própria tem seu valor inquestionável.
Dentro dessa idéia vale ressaltar a atitude idealista e batalhadora, virtudes reservadas para poucos, do amigo André Bozzetto Junior, da pequena cidade de Ilópolis, no interior do Rio Grande do Sul, cerca de 200 Km distante da capital Porto Alegre. Ele lançou de forma independente em Outubro de 1998 (e tinha apenas 17 anos de idade na época) um interessante romance de horror intitulado "Odisséia nas Sombras", que narra a árdua trajetória de um grupo de amigos ao enfrentar um assassino sobrenatural .
O autor é colaborador do fanzine "Juvenatrix" e do site "Boca do Inferno" (www.bokadoinferno.hpg.com.br), com a publicação de interessantes artigos e resenhas de filmes de horror.
A história do livro é sobre uma pequena cidade do interior aterrorizada por um psicopata assassino, o qual é o responsável pela morte violenta de vários de seus habitantes, com direito a estupros e até atos de necrofilia. Com deficiência mental e problemas de relacionamento durante toda sua vida, ele é conhecido como "O Filho do Coveiro", apelido de Daniel Lima, e acaba sendo descoberto e morto por um "justiceiro" vingador numa misteriosa encruzilhada. Porém, auxiliado por forças sobrenaturais, o assassino retorna do mundo dos mortos, vindo das profundezas sombrias do inferno, fortalecido e em busca de vingança.
Para combatê-lo, surge um grupo de jovens formado por Joel, Luciano e Márcio, os quais tinham envolvimento com as vítimas do psicopata (Sabrina, namorada de Joel e irmã de Luciano, foi uma das que perderam a vida de forma trágica), e que testemunharam eventos insólitos com o assassino, através de encontros mortais ou experiências oníricas sobrenaturais.
A partir daí, tem início uma desgastante e intensa batalha de morte contra o poder maligno de um assassino sedento de ódio, numa longa "odisséia nas sombras cujo ponto final seria uma lágrima de sangue".
A narrativa é leve, fácil de ler em capítulos curtos, sem erros de português, numa história bem conduzida, com personagens definidos e humanizados, e que exerce um fascínio no leitor até a conclusão da obra. Vale destacar também a excelente escolha do título do livro, "Odisséia nas Sombras", plenamente coerente com a história.
É admirável a coragem acertada do autor em matar de forma violenta alguns dos personagens, depois que são apresentados e após criar-se uma certa interação com o leitor. Além da habilidade na exploração de elementos característicos do horror como a figura de um demoníaco "gato preto", com participação frequente na trama e sempre carregada de tensão, e a ambientação macabra de uma "encruzilhada" assombrada, infestada de fantasmas e almas de outro mundo, procurando alívio para seus tormentos.
"Joel e Márcio descarregaram uma saraivada de golpes no animal, que mesmo reduzido a um monte retorcido de pêlos e carne, pulsante e ensanguentado, persistia vivo."
Porém, nota-se também uma certa previsibilidade nos vários eventos que são apresentados, não havendo grandes surpresas ou reviravoltas, e onde um leitor atento consegue captar o que vai acontecer antecipadamente nos capítulos seguintes, principalmente no desfecho trágico envolvendo o confronto final dos jovens e o demoníaco "Filho do Coveiro", num sítio próximo à cidade.
Por curiosidade, vale ressaltar o bom gosto musical do personagem Márcio, onde num momento de tensão antecedendo um encontro com o poderoso assassino, ele procura ouvir a música "Wasted Years" da excepcional banda inglesa de Heavy Metal "Iron Maiden", só para relaxar um pouco...
A despeito de quaisquer eventuais falhas, "Odisséia nas Sombras" é um livro agradável de se ler, curto, rápido, numa interessante história de horror sobrenatural que poderia perfeitamente transformar-se em argumento para um filme. Não existem elementos novos ou originais, possuindo os já conhecidos e tradicionais clichês característicos do gênero, mas certamente serve como um bom entretenimento. E fico imaginando o anti-herói "Filho do Coveiro" como o protagonista de um filme de "serial killer"...
Um fato interessante é que a história permite também a idéia de uma continuação, pois o psicopata tem um irmão gêmeo separado dele na infância e criado pelos tios em outra cidade. Imaginem se ele houvesse herdado igualmente os poderes malignos do irmão assassino e retornasse à cidade para vingá-lo e perpetuar seu legado de sangue... O que poderia acontecer?
Esperaremos pela resposta, talvez, numa próxima "odisséia nas sombras", com a possibilidade de um novo livro do autor explorando esse universo ficcional...
"Joel agitava-se em seu sono povoado de pesadelos. Viu em seu sonho, um lugar escuro, coberto por uma densa névoa, onde ele corria desesperadamente em busca de algo. De repente, tropeçou em alguma coisa, oculta pela névoa e pela escuridão, e com isso, desequilibrou-se e caiu. Quando Joel voltou-se para ver em que havia tropeçado, o pavor dominou-o ao constatar que se tratava da cabeça decapitada de Márcio. Subitamente, ouviu um baque ao seu lado, e então a cabeça também decapitada de Luciano rolou a seus pés. Joel gritou e acordou."
Fonte: www.scarium.com.br

ODISSÉIA

Odisséia, de Homero, define o poema épico antigo, por uma vinculação às raízes primitivas e populares. Entende-se por épica (do grego epos, canto ou narrativa) a narrativa poética de substrato histórico, considerando-se ambas as obras, a Odisséia e a Ilíada, como a codificação de todos os mitos gregos. Os poemas homéricos possuem tom eloqüente em seus versos (hexâmetros) e duração das vogais, como se tivessem sido feitos para serem falados em voz alta.
A poesia Lírica nasceu da fusão do poema épico com o instrumento que a acompanhava, a lira. As formas foram então se diversificando; variedades e novas técnicas surgiram, como: a ode, a elegia, os epitáfios, as canções, as baladas e outras mais que se desenvolveriam posteriormente como o soneto, e o madrigal.
Safo (século VI a.C.) é a primeira poetisa conhecida. Sua obra, dedicada às musas, é uma variedade de poesia lírica: odes, elegias, hinos e epitalâmios. Píndaro foi o primeiro grande criador de odes, que conservava uma narrativa heróica, embora já admitisse um canto pessoal, subjetivo, retratando a vida e experiências do próprio autor.
Simônides de Ceos foi um grande criador de epitáfios, poesia em memória dos heróis mortos.
Outra forma lírica derivada é a poesia bucólica, que teve em Teócrito (século III a.C.) um grande cultor. A primeira característica da poesia lírica é a maior liberdade quanto ao número de sílabas dos versos. Ela também foi de grande influência sobre a poesia dramática, que se apresentava com duplo caráter: épico e lírico (objetivo/subjetivo). A poesia dramática mantinha a narrativa épica, mas transfigurava os narradores nos próprios personagens das ações, pintando seus estados emotivos, o que lhe conferia um sabor lírico.
Os três grandes poetas dramáticos da Antigüidade Clássica são: Eurípedes, Ésquilo e Sófocles. Das inúmeras peças que escreveram, somente algumas foram preservadas, sendo ainda representadas em todas as partes do mundo. Anchieta, em sua campanha catequista, no Brasil do século XVI, usou um subgênero dramático, o auto sacramental, como forma de difusão do ideais cristãos entre os indígenas.
A cultura latina apresenta acentuado mimetismo literário em relação à cultura grega. Virgílio escreveu um grande poema épico, a Eneida, calcado sobre a unidade latina. As Metamorfoses, de Ovídio, também apresentam caráter épico-lírico.
Fonte: www.cfh.ufsc.br


NARCISO




lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega.
Narciso era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.
Indiferente aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco - segundo outras fontes, do jovem Amantis - e seu egoísmo provocou o castigo dos deuses. Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. A flor conhecida pelo nome de Narciso nasceu, então, no lugar onde morrera.
Em outra versão da lenda, Narciso contemplava a própria imagem para recordar os traços da irmã gêmea, morta tragicamente.
Foi, no entanto, a versão tradicional, reproduzida no essencial por Ovídio em Metamorfoses, que se transmitiu à cultura ocidental por intermédio dos autores renascentistas. Na psiquiatria e particularmente na psicanálise, o termo narcisismo designa a condição mórbida do indivíduo que tem interesse exagerado pelo próprio corpo.
Fonte: http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/

NARCISO

Narciso, antes de ser uma personagem da mitologia grega, era simplesmente um rapaz escorreito, não se pode negar; tinha uma cara de príncipe de conto de fadas, usava o cabelo comprido ou curto conforme a ocasião, vestia com gosto e maquilhava-se só com produtos naturais, absolutamente naturais.
Numa terça-feira (ou quinta. tanto dá) acabava de dispor-se para sair, talvez para ir ao teatro (porque ainda não se tinha inventado o cinema) ou talvez a uma festa. Tinha revitalizado os seus lábios com cereja vermelha, branqueado o seu rosto e penteado o seu cabelo. Viu-se ao espelho (o reflexo da água num lago, pois tudo era natural) e contemplou-se com satisfação e disse para si mesmo: "sou mesmo perfeito".
Então Zeus, o deus grego, reparando com quanto deleite Narciso contemplava a sua própria figura, infundiu-lhe um amor desmedido pelo seu próprio eu. Narciso enamorou-se perdidamente por si mesmo. E quis alcançar a sua imagem atirando-se ao tanque, onde morreu infeliz por não se poder possuir.
Esta história da mitologia grega, parece-se com a história dos rapazes que gastam tardes inteiras no ginásio a contemplar os seus bíceps ou das raparigas que não se poupam jornadas esgotantes de ginástica rítmica. "Sou mesmo perfeito" ouvimo-los pensar quando nos salões se põem diante dos espelhos depois de "treinarem", olhando, por diante ou atrás o abdómen dividido em quatro ou seis rectângulos, os músculos dorsais, fazem força para perfilar melhor os bíceps, os peitorais, etc.
Se fores a um ginásio podes ver que sempre há um salão com espelhos onde certamente haverá "teens" e não tão "teens" a avaliar a musculatura dos seus corpos. "Com o suor cutâneo a silhueta dos músculos fica mais definida …", é o que dirão.
Mas narciso não só é o rapaz ou a rapariga que vivem para a figura do seu corpo: há alguns mais refinados, desde os que transmutam o rosto com cosméticos, até aos que além de dietas, roupas e modas, se penteiam com métodos sofisticadíssimos.
A Narciso a morte apanhou-o num tanque. E eu pergunto-me, onde é que a morte apanha os narcisos de hoje, que consomem a sua vida no culto idólatra da sua figura; a sobredosse, excesso de hormonas, e eis os que ficam "tesos" com a cirurgia plástica , etc. "Não, eu só faço exercício" diz algum rapaz frequentador do ginásio …
Viver para o corpo é como morte em vida, pois não vives para ti mesmo nem para os outros, mas para a figura do teu corpo. Sem necessidade de falar da doutrina católica e de que o culto do corpo constitui uma forma de idolatria, um elementar sentido humano adverte-nos contra essas formas de perversão.
O meu corpo não me pertence porque não é uma coisa que se possua, também o meu corpo é a minha casa, como dizia a propaganda sem bases filosóficas. O meu corpo é parte da minha humanidade: sou eu mesmo com a minha alma numa união indivisível.
Ao dar atenção desmedida ao meu corpo, em certo sentido estou a tratá-lo como um objecto que possuo. E não é que não deva atender o meu corpo, dizendo melhor, cuidar e atender-me a mim mesmo e por isso mesmo, como parte inseparável do meu ser, aplicar-me ao cuidado do meu corpo. O ginásio e os aerobics são bons: são saúde. Mas não são um fim em si mesmo.
Da próxima vez que fores ao ginásio, procura não olhar-te ao espelho. Faz exercício físico que te ajude a manter a mente desempoeirada e o espírito aberto. Como dizia o sábio pensamento latino: Orandum ut sit, mens sana in corpore sano; quer dizer, "há que fazer oração para ter uma mente sã num corpo são".
Não esqueças a sentença completa porque o homem é uma unidade de espírito e corpo. E o homem não terá são o quinto andar, se o seu espírito e o seu corpo carecem de harmonia; quer dizer, se não está em paz com Deus, com os outros e consigo mesmo: Orandum ut sit, mens sana in corpore sano.
Fonte: paginaseducacao.no.sapo.pt

NARCISO
"Eco era uma bela ninfa, amante dos bosques e dos montes, onde se dedicava a distrações campestres. Era favorita de Diana e acompanhava-a em suas caçadas. Tinha um defeito, porém: falava de mais e, em qualquer conversa ou discussão, queria sempre dizer a última palavra.
Certo dia, Juno saiu à procura do marido, de quem desconfiava, com razão que estivese se divertindo entre as ninfas. Eco, com sua conversa, conseguiu entreter a deusa, até as ninfas fugirem. Percebendo isto, Juno a condenou com estas palavras:
- Só conservarás o uso dessa língua com que me iludiste para uma coisa de que gostas tanto: responder. Continuarás a dizer a última palavra, mas não poderás falar em primeiro lugar.
A ninfa viu Narciso, um belo jovem, que perseguia a caça na montanha. Apaixonou-se por ele e seguiu-lhe os passos. Quanto desejava dirigir-lhe a palavra, dizer-lhe frases gentis e conquistar-lhe o afeto! Isso estava fora de seu poder, contudo. Esperou, com impaciência, que ele falasse primeiro, a fim de que pudesse responder. Certo dia, o jovem, tendo se separado dos companheiros, gritou bem alto:
- Há alguém aqui?
- Aqui - respondeu Eco.
Narciso olhou em torno e, não vendo ninguém, gritou:
- Vem!
- Vem! - respondeu Eco.
- Por que foges de mim? - perguntou Narciso
Eco respondeu com a mesma pergunta.
- Vamos nos juntar - disse o jovem.
A donzela repetiu, com todo o ardor, as mesmas palavras e correu para junto de Narciso, pronta a se lançar em seus braços.
- Afasta-te! - exclamou o jovem, recuando. - Prefiro morrer a te deixar possuir-me.
- Possuir-me - disse Eco.
Mas foi tudo em vão. Narciso fugiu e ela foi esconder sua vergonha norecesso dos bosques. Daquele dia em diante, passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. De pesar, seu corpo definhou, até que as carnes desapareceram inteiramente. Os ossos transformaram-se em rochedos e nada mais dela restou além da voz. E, assim, ela ainda continua disposta a responder a quem quer que a chame e conserva o velho hábito de dizer a última palavra.
A crueldade de Narciso nesse caso não constituiu uma exceção. Ele desprezou todas as ninfas, como havia desprezado a pobre Eco. Certo dia, uma donzela que tentara em vão atraí-lo implorou aos deuses que ele viesse algum dia a saber o que é o amor e não ser correspondido. A deusa da vingança (Nêmesis) ouviu a prece e atendeu-a.
Havia uma fonte clara, cuja água parecia de prata, à qual os pastores jamais levavam os rebanhos, nem as cabras monteses freqüentavam, nem qualquer um dos animais da floresta. Tmabém não era a água enfeada por folhas ou galhos caídos das árvores; a relva crescia viçosa em torno dela, e os rochedos a abrigavam do sol. Ali chegou um dia Narciso, fatigado da caça, e sentindo muito calor e muita sede. Debruçou-se para desalterar-se, viu a própria imagem refletida e pensou que fosse algum belo espírito das águas que ali vivesse. Ficou olhando com admiração para os olhos brilhantes, para os cabelos anelados como os de Baco ou de Apolo, o rosto oval, o pescoço de marfim, os lábios entreabertos e o aspecto saudável e animado do conjunto. Apaixonou-se por si mesmo. Baixou os lábios, para dar um beijo e mergulhou os braços na água para abraçar a bela imagem. Esta fugiu com o contato, mas voltou um momento depois, renovando a fascinação. Narciso não pôde mais conter-se. Esqueceu-se de todo da idéia de alimento ou repouso, enquanto se debruçava sobre a fonte, para contemplar a própria imagem.
- Por que me desprezas, belo ser? - perguntou ao suposto espírito.
- Meu rosto não pode causar-te repugnância. As ninfas me amam e tumesmo não parece olhar-me com indiferença. Quando estendo os braços, fazes o mesmo, e sorris quando te sorrio, e respondes com acenos aos meus acenos.
Suas lágrimas cairam na água, turbando a imagem. E, ao vê-la partir, Narciso exclamou:
- Fica, peço-te! Deixa-me, pelo menos, olhar-te, já que não posso tocar-te.
Com estas palavras, e muitas outras semelhantes, atiçava a chama que o consumia, e, assim, pouco a pouco, foi perdendo as cores, o vigor e a beleza que tanto encantara a ninfa Eco. Esta se mantinha perto dele, contudo, e, quando Narciso gritava: "Ai, ai", ela respondia com as mesmas palavras. O jovem, depauperado, morreu. E, quando sua sombra atravessou o Estige, debruçou-se sobre o barco, para avistar-se na água.
As ninfas o choraram, especialmente as ninfas da água. E, quando esmurravam o peito, Eco fazia o mesmo. Prepararam uma pira funerária, e teriam cremado o coprpo, se o tivessem encontrado; em seu lugar, porém, só foi achada uma flor, roxa, rodeada de folhas brancas, que tem o nome e conserva a memória de Narciso.
Milton faz alusão à história de Eco e Narciso, na canção da Dama, do poema "Comus". A Dama, procurando os irmãos na floresta, canta, para atrair-lhes a atenção:
Ó Eco, doce ninfa que, invisível,Vives nas verdes margens do MeandroE no vale coberto de violetas,Onde ao luar o rouxinol te embala,Com seu canto nostálgico e suave,Dois jovens tu não viste, por acaso,Bem semelhantes, Eco, ao teu Narciso?Se, em alguma gruta os escondeste,Dize-me, ó ninfa, onde essa gruta estáE, em recompensa, subirás ao céu.E mais graça darás, ó bela ninfa,À Celeste harmonia em seu conjunto!
Além disso, Milton imitou a história de Narciso na descrição, que põena boca de Eva, acerca de sua impressão, ao ver-se, pela primeira vez, refletida na fonte:
Muitas vezes relembro aquele diaEm que fui despertada a vez primeiraDo meu sono profundo. Sob as folhasE as flores, muitas vezes meditei:Quem era eu? Aonde ia? De onde vinha?Não distante de mim, doce ruídoDe água corrente vinha. De uma grutaSaía a linfa e logo se espalhavaEm líquida planície, tão tranqüilaQue outro céu tranqüilo parecia.Com o espírito incerto caminhei e fuiNa verde margem repousar do lagoE contemplar de perto as claras águasQue eram, aos meus olhos, novo firmamento.Ao debruçar-me sobre o lago, um vultoBem em frente de mim apareceuCurvado para olhar-me. RecueiE a imagem recuou, por sua vez.Deleitada, porém, como que avistavaNovamente eu olhei. Também a imagemDentro das águas para mim olhou,Tão deleitada quanto eu, ao ver-me.Fascinada, prendi na imagem os olhosE, dominada por um vão desejo,Mais tempo ficaria, se uma vozNão se fizesse ouvir, advertindo-me:"És tu mesma que vês, linda ciatura."
Fonte: http://www.lunaeamigos.com.br/
NARCISO
A ninfa Liríope passeava tranqüila junto ao rio Cefiso, em cujas margens ninfa alguma podia passar incólume, quando subitamente o rio a enlaçou, e a ela se uniu. Dessa união indesejável nasceu Narciso. Ao nascer a criança, porém, a mãe rejubilou-se pois era um menino dotado de imensa formosura que certamente seria amado por mortais e imortais. Liríope consultou então o cego adivinho Tirésias para saber o futuro da criança. O sábio respondeu que viveria muitos anos se ele não se conhecesse.
O rapaz foi alvo de inúmeras paixões mas permanecia insensível ao amor. Eco, ninfa das montanhas, que tinha sido privada da fala por Hera e condenada a repetir as últimas sílabas das palavras, apaixonou-se pelo rapaz mas como não podia declarar-lhe seu amor se limitava a seguí-lo. Como Narciso a desprezasse, a ninfa, cheia de tristeza, começou a definhar até que um dia morreu. Nêmesis, deusa da Justiça, foi chamada pelas demais ninfas, que revoltadas clamavam por punição para a frieza do rapaz. A deusa condenou Narciso a viver um amor impossível. E foi para cumprir-se a maldição que certo dia, ao se aproximar da fonte de Tespias para se refrescar, o belo rapaz viu sua imagem refletida nas águas. Seduzido por sua própria beleza, apaixonou-se por si próprio, permaneceu ali até morrer. Quando foram em busca do rapaz encontraram tão somente uma singela flor à beira da fonte: um narciso.
Fonte: www.algosobre.com.br
Portal São Francisco


Biografia de Valter da Rosa Borges

Tenho grande admiração pelo trabalho deste singular escritor: Valter da Rosa Borges, postei textos extraídos do seu site, para que todos os leitores do meu blog, possam também conhecer, apreciar seu trabalho apurado, suscinto e sensato.
Boa leitura!

Valter da Rosa Borges nasceu no bairro histórico de São José, Recife, Pernambuco, em 15 de março de 1934

Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Pernambuco em 1959.

Ingressou no Ministério Público de Pernambuco em 1963 e se aposentou como Procurador de Justiça em 1993.

É livre-pensador, parapsicólogo, filósofo, poeta, escritor, conferencista e autor de livros e artigos, que versam sobre os mais diversos assuntos.

Em 1950, fundou o Grêmio Cultural Joaquim Nabuco, uma instituição lítero-artística, que teve atuação destacada no mundo intelectual do Recife.

Em 1953, iniciou seus estudos e pesquisas da fenomenologia paranormal, e é um dos decanos da Parapsicologia brasileira.

Em 1968, criou, dirigiu e apresentou, na TV Universitária Canal 11, da Universidade Federal de Pernambuco, o programa O Grande Júri, o primeiro programa cultural e científico do Brasil e que teve a duração de quatorze (14) anos, terminando em 1982.

Fundou, em 1973, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, uma das mais antigas instituições de Parapsicologia no Brasil.

Em 1972, foi considerado, pelo Jornal de Letras, como uma das dez Personalidades da Cultura de Pernambuco.

Em 1977, integrou a Comissão de Direito Civil e Processo Civil, no V Congresso Nacional do Ministério Público, realizado no Recife.

Lecionou Sociologia na Universidade Federal de Pernambuco (1977 a 1980) e foi professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco (1978 a 1990).

Em 1978, fundou a Academia Pernambucana de Ciências, da qual foi Presidente em quatro mandatos. Nesse ano, recebeu o título de Melhor Produtor e Televisão em Pernambuco, do ano de 1977, conferido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão de Pernambuco.

A partir de 1979, começou a participar, como conferencista oficial, de Congressos de Parapsicologia, no Brasil e no Exterior. E ministrou Cursos de Parapsicologia, na Universidade Federal da Paraíba, na Universidade Católica de Pernambuco e na Universidade Federal de Pernambuco.

Em 18 de janeiro de 1980, recebeu o Título de Acadêmico Emérito da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro.

Em 1990, assumiu a Coordenadoria do Meio Ambiente do Ministério Público de Pernambuco. No ano seguinte, representou o Ministério Público de Pernambuco no I Encontro Nacional do Ministério Público à Eco-92, realizado em Goiânia, Goiás.

Recebeu, em 1995, o Prêmio de poesia “Lyra e César”, concedido pela Academia Pernambucana de Letras, ao seu livro “O Ser, o Agora, o Sempre”.

Em 1996, passou a dirigir o Anuário Brasileiro de Parapsicologia.

Em 7 dezembro de 1996, lhe foi conferido o título de Presidente de Honra do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP - e o Diploma de Honra ao Mérito pela relevante contribuição a essa instituição e ao progresso da Parapsicologia no Brasil.

Em 1999, fundou a Sociedade Internacional de Transcendentologia.

Em 18 de março de 1998, tornou-se sócio efetivo da Academia de Artes e Letras de Pernambuco .

No dia 13 de janeiro de 1999, recebeu o título de História Viva do Recife, outorgado pelo Museu da Cidade do Recife, da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes, e entregue pelo Prefeito Roberto Magalhães.

Recebeu o diploma de Mérito Acadêmico, concedido pela Academia Pernambucana de Ciências, no dia 6 de dezembro de 2000.

Foi agraciado com a medalha Marechal Trompowski, conferida pelo Instituto dos Docentes do Magistério Militar, em solenidade no Colégio Militar do Recife, no dia 18 de outubro de 2002.

Em 16 de dezembro de 2003, recebeu o título de Sócio Emérito da Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda.

Realiza palestras, sob os mais diversos temas, em instituições científicas, culturais e universitárias. E é entrevistado sobre temas de parapsicologia nas emissoras de rádio e televisão, assim como em jornais e revistas.

Nas suas atividades de parapsicólogo, investiga fenômenos paranormais, notadamente os de "poltergeist" em Pernambuco.

É membro da União Brasileira de Escritores, seção de Pernambuco, da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, da Parapsychological Association e da Associación Iberoamericana de Parapsicologia.

Entrevista com Fernando Pessoa



Fernando Pessoa (1888-1935). Um dos maiores poetas de Portugal
O crítico literário Harold Bloom considerou-o o mais representativo poeta do século XX ao lado de Pablo Neruda.
Assumiu personalidades fictícias conhecidas como heterônimos, que se fizeram autores de várias de suas obras.
VRB – Fernando Pessoa: por que um poeta?

Fernando Pessoa – Ser poeta não é uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho.

VRB – A realidade é sempre nova. Viver, é permanente descoberta?

Fernando Pessoa – A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

VRB – Há uma realidade além da realidade física?

Fernando Pessoa – Eu nunca passo para além da realidade imediata.
Para além da realidade imediata não há nada.

VRB – O que é amar?

Fernando Pessoa – Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

VRB – A inocência de não pensar é uma metafísica?

Fernando Pessoa – Há metafísica bastante em não pensar em nada.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, Mas porque a amo, e amo-a por isso, Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...

VRB – O que você pensa sobre o mundo

Fernando Pessoa – Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas não penso nele Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)


VRB – Há mistérios na vida ou a vida é o maior de todos os mistérios?

Fernando Pessoa – O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos.
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.

VRB – Tudo o que existe tem um sentido?

Fernando Pessoa – O único sentido íntimo das coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Eu vejo ausência de significação em todas as coisas;
Vejo-me e amo-me, porque ser uma coisa é não significar nada.
O ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as coisas.

VRB – A riqueza é um conceito que varia de pessoa a pessoa.

Fernando Pessoa – Nossa única riqueza é ver.

VRB – O egoísmo é natural em todos os seres vivos. De que modo você é egoísta?

Fernando Pessoa – (Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com o florir e ir correndo.
- essa a única missão no Mundo,
Essa — existir claramente,
E saber fazê-lo sem pensar nisso.)

VRB – Há metafísicos que afirmam que a consciência não é privativa dos seres humanos e está, em maior ou menor grau, em tudo o que existe.

Fernando Pessoa – Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas coisas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...

VRB – As pessoas gostam de recordar o que viveram, como uma forma psicológica de reviver o passado.

Fernando Pessoa – A recordação é uma traição à Natureza.
Porque a Natureza de ontem
não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

VRB – É muito comum se dizer: somos o que somos interiormente. O que você pensa sobre isso?

Fernando Pessoa – Antes de sermos interior somos exterior.
Por isso, somos exterior essencialmente.

VRB – A liberdade tem sido uma das grandes aspirações do ser humano. Somos livres ou apenas produtos de nossos condicionamentos culturais?

Fernando Pessoa – Só na ilusão da liberdade
A liberdade existe.

VRB – Tudo o que fomos, agora é sonho. Então é o nosso presente nada mais do que uma máquina de sonhos.

Fernando Pessoa – Quem sou e quem fui
São sonhos diferentes.

VRB – Os sentimentos bons ou maus nos acorrentam. Há as algemas do amor. Há as algemas do ódio. Como nos libertarmos dos afetos que nos aprisionam?

Fernando Pessoa – Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afetos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.

VRB – Somos só a nossa autenticidade, ou os outros nos acrescenta?

Fernando Pessoa – Ninguém te dá quem és.

VRB – É o amor que temos a alguém uma mera projeção de nós mesmos?

Fernando Pessoa – Ninguém a outro ama, senão que ama
O que de si há nele, ou é suposto.

VRB – Só existe ação verdadeira quando nada somos senão ela.

Fernando Pessoa – Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

VRB – A quem é feliz, o que acresce a esperança?

Fernando Pessoa – O que nada espera
Tudo que vem é grato.

VRB – Qual o nosso erro maior?

Fernando Pessoa – O erro de querer ser igual a alguém.

VRB – Tudo o que temos é hoje.

Fernando Pessoa – Colhe o dia, porque és ele.

VRB – O que somos nos é pouco. Queremos ser mais de um.

Fernando Pessoa – Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.

VRB – Tudo o que não podemos, virá deuses.

Fernando Pessoa – Os deuses
Dão vida e não verdade, nem talvez
Saibam qual a verdade.

VRB – Para muitas pessoas o desconhecido apavora.

Fernando Pessoa – Mas o que é conhecido? O que tu conheces
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?

VRB – Ansiamos pelo infinito.

Fernando Pessoa – Amanhã é infinito.

VRB – Escrevemos, ou algo escreve por nós?

Fernando Pessoa – Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...

VRB – Há volta para o que foi?

Fernando Pessoa – Nunca voltarei porque nunca se volta.

VRB – Há ocasiões em que a consciência dói. Então queremos a anestesia de um breve repouso no nada.

Fernando Pessoa – Trouxe comigo o espinho essencial de ser consciente,
A vaga náusea, a doença incerta, de me sentir.

VRB – Toda conclusão é uma porta que se fecha.

Fernando Pessoa – Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

VRB – As coisas têm algum sentido?

Fernando Pessoa – O único sentido íntimo das coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Eu vejo ausência de significação em todas as coisas;
Vejo-me e amo-me, porque ser uma coisa é não significar nada.

VRB – A nossa maior liberdade é não sermos indispensáveis a ninguém.

Fernando Pessoa – Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
A realidade não precisa de mim.

VRB – Viver só por viver é viver e nada mais.
Fernando Pessoa - Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
VRB – Tudo o que passou, é lição? Tudo que passou, vale a pena?

Fernando Pessoa – Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

VRB – Quem vive à superfície de si, o que de si ignora?

Fernando Pessoa - Quem sou é quem me ignoro e vive Através dessa névoa que sou eu Todas as vidas que eu outrora tive, Numa só vida.

VRB – Por que não somos um, somos um paradoxo.

Fernando Pessoa – Às vezes sou o Deus que trago em mim E então eu sou o Deus, o crente e a prece E a imagem de marfim Em que esse Deus se esquece. Às vezes não sou mais que um ateu Desse Deus meu que eu sou quando me exalto. Olho em mim todo um céu E é um mero oco céu alto.

VRB – O que fazer da dor quando inevitável?

Fernando Pessoa – Deixa a dor nas aras como ex-voto aos deuses.

VRB – O que de excelência os deuses superam o ser humano?

Fernando Pessoa – Os deuses são deuses Porque não se pensam.
Fonte: Valter da Rosa Borges

Entrevista com Charles Chaplin



Charles Chaplin (1889-1977). Foi ator, diretor, roteirista e músico inglês. Atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes, tornando-se um ícone do cinema mudo.
O Grande Ditador (1940) foi o seu primeiro filme falado e também uma crítica a Adolf Hitler e ao fascismo.
VRB – Chaplin, qual o seu conceito de arte?

Chaplin – A Arte é um sentimento difícil de ser definido. O seu tema, por mais importante e grandioso que seja, pode sempre ser simplificado ao ponto de ser compreensível por todas as pessoas. É aí então que a Arte atinge a sua forma mais sublime.
A arte é uma emoção adicional justaposta a uma técnica apurada.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nós nos desviamos dele. A cobiça envenenou a alma dos homens.

VRB – A beleza é um sentimento pessoal. É o objeto da arte, embora varie segundo a concepção da cada escola. Para uns, a beleza é a sua razão de ser. Uma forma de encantamento que dá sentido a existência.

Chaplin – A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la - mas, quem consegue, descobre tudo.
A beleza existe em tudo - tanto no bem quanto no mal. Mas somente os artistas e poetas sabem encontrá-la.
A beleza é, no meu entender, uma onipresença da morte e do encanto, uma risonha melancolia que discernimos em todas as coisas da Natureza e da existência, essa comunhão mística que sente o poeta... algo assim como um raio de sol dourado e poeira que esvoaça, ou como uma rosa caída na sarjeta.
Amo a tragédia porque ela é bela. A única comédia que vale a pena é aquela que contém a beleza.

VRB – O que você considera mais importante num filme? O seu temário? A sua técnica? A fidelidade ao real?

Chaplin – Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.
Depois de tantos anos de trabalho e experiência, descobri que as idéias de meus filmes surgem em conseqüência do intenso desejo de concebê-las. Provocada por esse desejo, a mente se torna uma espécie de torre de observação à espreita de incidentes que possam excitar imaginação: música, crepúsculos, qualquer coisa, enfim, pode ser a imagem capaz de inspirar uma idéia. Quando descobrimos um assunto capaz de estimulá-la, elaboramos os pormenores e desenvolvemos tal idéia, ou, se isso não é possível, descartamo-nos dela e procuramos outra. Acumulação e eliminação representam o processo pelo qual acabamos chegando ao que desejamos.

VRB – Qual dos seus filmes você julga o melhor?

Chaplin – Creio que Monsieur Verdoux é o melhor e o mais brilhante dos filmes que já fiz.

VRB – Carlitos foi uma personagem que ganhou uma dimensão humana internacional, tal como Édipo, Hamlet e Otelo, por exemplo. O que o inspirou a criá-la?

Chaplin – Muita gente me pergunta onde foi que me inspirei para criar a minha personagem. Na verdade, Carlitos aparece como sendo a síntese de muitos ingleses que eu via em Londres quando era jovem: tipos de pequena estatura, do bigodinhos pretos, roupas bem justas, e sempre portando uma bengala de bambu. A idéia da bengalinha foi a mais feliz de todas, pois foi ela que caracterizou a personagem e a tornou conhecida mais rapidamente. Desenvolvi o seu uso ao ponto de torná-la cômica por si só - por exemplo, quando ela se enroscava no pé de alguém ou puxava uma pessoa pelo ombro. Muitas dessas cenas acabavam por se tornar, inesperadamente, muito engraçadas.

VRB – O sucesso é a realização de uma meta e, assim, varia de pessoa a pessoa. No seu caso, o que concorreu para o seu sucesso?

Chaplin – Conhecer o homem - esta é a base de todo o sucesso.
Estudei o homem, porque se assim não o fizesse, não conseguiria realizar nada em meu ofício.

VRB – O cômico é sempre difícil, porque facilmente satura. O trágico tem uma duração ilimitada, porque parece um arquétipo da natureza humana.

Chaplin - Na criação de comédia, por mais paradoxal que isso pareça, o senso do ridículo é estimulado pela tragédia; pois o ridículo, creio eu, contém um desafio: devemos rir do nosso desamparo na luta contra as forças da Natureza... para não enlouquecer.

VRB – Qual a técnica para evitar a obsolescência da comicidade?

Chaplin – Uma das coisas que sempre procuro evitar é não exagerar ou insistir demasiadamente num ponto determinado. Quando se exagera na comicidade, a cena deixa de produzir risos e nada acrescenta ao filme.

VRB – Então, ser comedido é uma das virtudes do artista? Parece-me que não. O artista é quase sempre um exagerado, não raro um excêntrico.

Chaplin – Ser comedido é algo muito importante, não somente para um ator, mas para qualquer pessoa. Moderar o temperamento, os apetites, os maus hábitos e todas outras coisas é uma necessidade.
Toda vez que assisto a um dos meus filmes, quando ele é apresentado pela primeira vez ao público, eu presto mais atenção na reação das pessoas do que na própria película - nas situações que causam o riso e nas que não causam.
De certa forma, sempre que vou ver um de meus próprios filmes, eu me comporto como um comerciante qualquer que fica observando quais as mercadorias que seus clientes gostam de comprar.

VRB – Ademais, o riso é um benefício para a saúde física e mental.

Chaplin - O humorismo nos alivia das vicissitudes da vida, ativando o nosso senso de proporção e nos revelando que a seriedade exagerada tende ao absurdo.

VRB – O humorismo foi a marca de sua personalidade?

Chaplin - No fundo, sou um pierrô sentimental.

VRB – O que o tornou um mestre da pantomima? Inspirou-se em alguém como modelo?

Chaplin - Sem minha mãe, acho que jamais teria me saído bem na pantomima. Ela possuía a mímica mais notável que já vi. Às vezes, ficava durante horas à janela, olhando para a rua e reproduzindo com as mãos, os olhos e a expressão de sua fisionomia tudo o que se passava lá embaixo. E foi observando-a assim que eu aprendi não somente a traduzir as emoções com as minhas mãos e meu rosto, mas sobretudo a estudar o homem.

VRB – Que influência teve a sua infância em sua vida?

Chaplin – As lembranças dos meus primeiros tempos ainda estão muito vivas. É difícil para mim falar dessa época. No entanto, penso muito nela.
Às vezes fico pensando se eu existiria como sou se tivesse nascido filho de um rico nobre; mas como é que se pode responder a uma coisa dessas? Nossas experiências iniciais ficam com a gente e moldam o nosso futu­ro.
Uma pessoa pode ter uma infância triste e mesmo assim chegar a ser muito feliz na maturidade. Da mesma forma, pode nascer num berço de ouro e sentir-se enjaulada pelo resto da vida.

VRB – Todas as pessoas (ou quase todas) têm os seus fantasmas, que, geralmente, as perseguem por toda a vida. Quais são os seus fantasma?

Chaplin - Durante a infância, a fome e o medo do amanhã eram duas constantes em minha existência. Por mais rico que possa vir a ser, jamais conseguirei me libertar desse medo. Sinto-me como um homem perseguido por um fantasma - o fantasma da pobreza.

VRB – É arte de representar um talento inato ou aprendido? Mesmo sendo um talento, deve ser aprimorado?

Chaplin – Não creio que a arte de representar possa ser ensinada. Já vi pessoas inteligentes fracassarem e pessoas estúpidas se saírem muito bem. O que a representação requer não é senão sentimento.
Jamais estudei arte de representar, mas, quando menino, vivi numa era de grandes atores e adquiri, por extensão, muito dos seus conhecimentos e experiências. Embora eu tivesse dons, ficava surpreendido, nos ensaios, ao descobrir quanto eu tinha que aprender a respeito da técnica de representar. Mesmo os principiantes com talento devem aprender a técnica, não importa quão bem dotados sejam, pois só assim as suas habilidades se tornarão eficientes.
Quando comecei a fazer filmes cômicos fazia só pelo dinheiro - a arte apareceu por acaso. Se isso decepcionar alguém, nada posso fazer. É a verdade.

VRB – É óbvio que o dinheiro resolve muitos problemas, mas não todos. Há pessoas cujo grande problema é ganhar cada vez mais dinheiro. Então, ganhar dinheiro e mais dinheiro passa a ser uma obsessão, um vício.

Chaplin – Mais dinheiro significa mais problemas. Quando era criança pobre passei por muitos infortúnios... o dinheiro me trouxe outros.

VRB – O que há de comum entre você e Carlitos?

Chaplin - Na_verdade a personagem Carlitos - essa figura que não sou eu, mas que se assemelha comigo como a um irmão - é para mim uma terrível responsabilidade.

VRB – A criação artística e literária é quase sempre uma catarse.Você representou magistralmente a personalidade de Hitler no seu filme O Grande Ditador. O que significou essa representação para você? Até que ponto se envolveu e se identificou com a personalidade de um ditador?

Chaplin – Todas as minhas aspirações secretas, contidas, são satisfeitas quando escrevo e realizo um filme como O Grande Ditador. Entre o ditador e eu, não consigo distinguir qual é o verdadeiro Chaplin.

VRB – Que outras personalidades você gostaria de representar? Seria fiel a elas ou as recriaria?

Chaplin – As duas personalidades que eu mais desejaria recriar em um filme seriam Napoleão e Jesus Cristo... Não representaria Napoleão como um general poderoso, mas como um ser fraco, taciturno, quase melancólico e sempre importunado pelos membros de sua família. Quanto ao Cristo, gostaria também de modificá-lo no espírito das massas. Acho que a personagem mais forte, mais dinâmica e mais impor­tante que já existiu, acabou por ser terrivelmente deformada pela tradição. Mostrá-lo-ia, então, acolhido em delírio por homens, mulheres, e crianças. As pessoas iriam ao seu encontro para sentir seu magnetismo. Não mais seria um homem piedoso, triste e distanciado; um solitário que acabou por ser o maior incompreendido de todos os tempos.

VRB – A opinião pública influiu em sua carreira cinematográfica?

Chaplin – Em toda a minha carreira cinematográfica sempre me guiei, em grande parte, pela opinião pública. Essa opinião chegava a mim através de cartas que recebia, em conversas pessoais, mas sobretudo por intermédio da imprensa. Do mesmo modo, também me convenci de que a contribuição que estou prestando com a realização de meus filmes é bem maior do que aquela que poderia oferecer se estivesse nas trincheiras servindo à causa da guerra.

VRB – Há pessoas que pensam - inclusive eu - que o patriotismo é um sentimento até certo ponto mórbido, porque resulta em fanatismo beligerante e preconceito contra outros povos.

Chaplin - De fato, não sou um patriota - e não somente por motivos morais ou intelectuais, mas também porque é sentimento que não possuo. Como tolerar patriotismo quando em seu nome foram assassinados seis milhões de judeus? Pode-se dizer que isso aconteceu na Alemanha; não obstante, esses impulsos homicidas estão latentes em todas as nações.
Se matamos uma só pessoa, somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis. Felicitam-se os que inventam bombas para matar mulheres e crianças.

VRB – Há algum político oculto em Charles Chaplin?

Chaplinn – Não sou político; sou prin­cipalmente um individualista. Creio na liberdade; nisso se resume a minha política... Sou pelos homens; essa é a minha natureza.

VRB – Entendo a política como a mais bem sucedida arte de mentir.

Chaplin – Não faço de nenhum polí­tico do passado ou do pre­sente um herói digno de ser adorado.

VRB – Por isso, é necessário estarmos atentos ao que se passa no mundo da política para não sermos envolvidos e manipulados pelas tramas e sortilégios dos seus participantes.

Chaplin – Ignorar a situação política do mundo em que vivemos seria como esconder a ca­beça na areia. É preciso ser muito idiota para tentar ignorá-la, quando todos nós fazemos parte dela.

VRB – Todos nós temos um ideário de valores. Qual é o seu?

Chaplin – Sou um defensor da liber­dade, da justiça e da verdade. Certamente não pretendo fa­zer nenhuma revolução - não é a minha vocação. Sou a favor do povo.

VRB – Como Chaplin se percebe no mundo? Sente que faz parte dele ou se sente um estrangeiro? Pensa que o conhece ou se sente confuso no seu relacionamento com ele?

Chaplin – Faço parte do mundo - e no entanto ele me torna per­plexo.
Durante mais de trinta anos, vivi num autêntico aquário. Toda a minha vida era submetida à publicidade e a toda espécie de pressões. Mas, quaisquer que sejam as minhas opiniões pessoais, insisto na sua integridade ina­balável. Mantenho-me nelas e assim farei até que encontre razões válidas para as aban­donar.

VRB – E em relação ao mundo artístico?

Chaplin - Receio pelo nosso futuro. Nosso mundo já não é o mundo dos grandes artistas. É um mundo espumante, agi­tado, amargo, um mundo in­vadido, inundado pela políti­ca...

VRB – As religiões sempre exaltaram a pobreza e satanizaram a riqueza. Por que a pobreza é uma virtude? O pobre gosta de ser pobre ou, na verdade, ele deseja sair da pobreza, embora nem todos anseiem pela riqueza?

Chaplin – Nunca achei a pobreza atrativa nem edificante. O que ela me ensinou foi só uma distorção de valores. Fortuna e fama, por outra parte, ensinaram-me a ver o mundo tal como é, a desco­brir que homens das mais elevadas posições se mos­tram, quando observados de perto, com tantas deficiên­cias como o resto de nós. Fortuna e fama também me ensinaram a ter desdém pelos brasões e pelas comendas, que não passam de pretensiosidades. Ensinaram-me a conhecer que o mérito e a in­teligência dos homens não podem ser julgados pelos requintes de pronúncia aprendidos em universidades -mito que tem exercido in­fluência paralisante no espí­rito das classes médias ingle­sas. Ensinaram-me a saber que inteligência não é neces­sariamente produto de edu­cação ou conhecimento dos clássicos.

VRB – A existência tem algum sentido? Ou somos nós que damos sentido à existência?

Chaplin – Não posso crer que nossa existência não tenha sentido, que seja mero acidente, como nos querem convencer alguns cientistas. A vida e a morte são determinadas de­mais, por demais implacáveis, para que sejam pura­mente acidentais.

VRB – A emoção é um dos alicerces da pessoa humana. A razão, por si só, não constrói o entendimento do mundo. Como o cinema pode contribuir para a compreensão do ser humano?

Chaplin – Creio no riso e nas lágri­mas como antídotos contra o ódio e o terror. Os bons fil­mes constituem uma lingua­gem internacional, respon­dem à necessidade que os homens têm de alegria, de piedade e de compreensão. São um meio de dissipar a onda de angústia e de medo que invade o mundo de hoje... Se pudéssemos pelo me­nos trocar entre as nações, em grande quantidade, os filmes que não constituem uma propaganda agressiva, mas que falam a linguagem simples dos homens e das mulheres simples... isso po­deria contribuir para salvar o mundo do desastre.

VRB – As religiões dão muita ênfase ao sofrimento e quase nenhuma importância à alegria.

Chaplin – Estou sempre alegre - essa é a minha maneira de re­solver os problemas da vida. Tenho a impressão de que os homens estão perdendo o dom do riso.

VRB – Há algum país que você especialmente admira?

Chaplin – Para mim, a Itália repre­senta o berço da cultura, da arte e do progresso. Mas sua primeira qualidade é a bele­za.

VRB – Para o místico, o silêncio é o caminho da compreensão, da autodescoberta, da libertação dos condicionamentos. É difícil encontrar o silêncio no mundo cada vez mais ruidoso. Parece que o barulho exterior protege as pessoas contra o silêncio que as intimida.

Chaplin – O silêncio - algo que não pode ser comprado - quantos de nós saberíamos defrontá-lo? Os ricos compram o barulho. No entanto, nosso espírito se realiza quando estamos mergulhados no silêncio natural - esse silêncio que jamais recusa aqueles que o procuram..
O som aniquila a grande beleza do silêncio.

VRB – Caso você tenha fé, que importância tem ela em sua vida?

Chaplin – À medida que vou envelhecendo, mais me preocupa a questão da fé. Ela está em nossa vida bem mais do que supomos e inspira as nossas ações bem mais do que imaginamos. Creio que a fé é precursora de todas as nossas idéias. Sem fé não teríamos criado hipóteses, teorias, ciência ou matemática. Penso que a fé é uma extensão do espírito. É a chave que abre a porta do impossível. Negar a fé é refutar a si mesmo e ao espírito que gera todas as nossas forças criadoras.
Minha fé é no desconhecido, em tudo que não podemos compreender por meio da razão; creio que o que está acima do nosso entendimento é apenas um fato em outras dimensões e que no reino do desconhecido há uma infinita reserva de poder.

VRB – Qual a sua opinião sobre os literatos, os artistas e os cientistas?

Chaplin – Os literatos são encantadores, porém não muito dadivosos; transmitem raramente aos outros o que sabem; na grande maioria, escondem-no sob a capa de seus livros.
Os cientistas podem ser ótimos companheiros, mas sua mera presença num salão inibe a inteligência dos demais. Os pintores aborrecem, porque, na maior parte, gostariam de nos convencer que são mais filósofos do que pintores. Sem dúvida, os poetas constituem uma classe superior e como indivíduos são agradáveis, tolerantes e de excelente convívio. Creio, entretanto, que os músicos em geral têm mais senso de cooperação do que qualquer outra espécie de gente.

VRB – Há pessoas que só se sentem bem na solidão. É nela que se reconstroem e aprendem a conviver consigo mesmas. Por isso, se afastam do tumulto da multidão, embora não vivam como anacoretas.

Chaplin – A solidão é repelente. Tem uma aura de tristeza, uma inadequação para atrair ou interessar, a tal ponto que nos sentimos ligeiramente envergonhados quando ela nos rodeia. Mas, num grau maior ou menor, atinge a todos.

VRB – É o ser humano o resultado de sua estrutura genética ou dos condicionamentos sociais ou, ainda, de uma combinação entre esses dois elementos?

Chaplin – A Humanidade não se divide em heróis e tiranos. Suas paixões, boas e más, foram-lhes dadas pela sociedade, não pela Natureza.

VRB – Qual a importância da sexualidade na vida do ser humano?

Chaplin – Procriar é a principal ocupação da natureza e todo homem, seja moço ou velho, quando vem a conhecer uma mulher indaga a si mesmo que possibilidades haverá de relação sexual entre os dois. E era sempre o que acontecia comigo.

VRB – Todas as suas criações o emocionam? Acha que, por isso, elas contagiam o público?

Chaplin – Se o autor não se emociona com a sua própria criação, dificilmente pode esperar que outros o façam. Com franqueza, divirto-me com as minhas comédias mais do que o público.

VRB – Em todas as épocas tudo está em transição, embora o ritmo das mudanças possa ser rápido ou lento. Na nossa época, no entanto, as mudanças estão intensamente aceleradas e, por isso, deixando as pessoas comuns, principalmente, as mais velhas, perdidas e confusas.

Chaplin – Creio que é oportuno transmitir a impressão que tenho sobre a situação do mundo. A complexidade crescente da vida moderna e o ritmo alucinante do século XX encurralaram o homem em gigantescas instituições que o ameaçam por todas as formas, política, científica e economicamente. Começamos a sofrer como que um condicionamento da alma, submetidos a sanções e permissões.
Essa matriz a que temos de nos amoldar deve-se à carência de uma concepção cultural. Entramos às cegas numa existência feia e congestionada. Perdemos a noção do belo. O sentido do nosso viver está sendo embotado pela preocupação do lucro, pelo poder e pelo monopólio. E temos consentido que tais forças nos envolvam, sem nos dar conta das suas conseqüências nefastas.
Sem filosofia orientadora e sem o senso de responsabilidade, a ciência entregou a políticos e militares armas tão destruidoras que eles têm nas mãos o destino de todos os viventes sobre a Terra.

VRB – O acelerado processo da ciência e da tecnologia ensejou um preocupante descompasso com os padrões éticos e morais da humanidade, abalados, por sua vez, pelo fenômeno da globalização e o inevitável confronto entre as culturas.

Chaplin – O homem é um animal com instintos elementares de sobrevivência. Por conseguinte, desenvolveu primeiramente a sua engenhosidade e só depois a sua alma. Assim, o progresso da ciência tem sido muito mais rápido do que o da conduta moral do homem.

VRB – Qual seria, então, a solução para esse impasse? Os povos, na quase totalidade, desconhecem os verdadeiros desafios do nosso mundo tecnológico, assim como a gravidade e a dimensão de seus problemas. As pessoas vivem deslumbradas em um mundo de tantas maravilhas e os dirigentes das nações poderosas estão embevecidos pelo poder e as possibilidades de dominação sobre os outros povos, principalmente aqueles que lhes são concorrentes.

Chaplin – Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade.
Disse Carlyle que a salvação do mundo será obtida quando o povo der para pensar. Mas, a fim de que tal aconteça, é preciso que o povo se veja diante de grave desafio.
Ora, dividindo o átomo, o homem ficou encurralado e na obrigação de pensar. Tem de escolher entre a própria destruição ou uma conduta ajuizada. O avanço da ciência força-o a fazer a opção. Creio que o altruísmo acabará por vencer e há de imperar o amor pela humanidade.

VRB – Então...

Chaplin – Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à juventude e segurança à velhi­ce.

VRB – Embora eu seja um cético em relação a isso, espero que essa sua esperança se concretize.
Mas, finalizando a entrevista, como você se sente na condição de uma pessoa famosa em um mundo cada vez mais competitivo?

Chaplin – Reconheço que o tempo e as circunstâncias me têm favorecido. O mundo cumulou-me de afeições, inspirei amor e também ódio. Deu-me a vida o que havia de melhor e um pouco do pior. Quaisquer que tenham sido as minhas vicissitudes, creio que a ventura e a desventura são filhas do acaso, pairando como nuvens sobre o nosso destino. Com essa compreensão, nunca me abalam demais as coisas ruins que me acontecem, ou agradavelmente surpreendido pelo que vem de bom. Não sigo um roteiro de existência, nenhuma filosofia... Sábios ou tolos, temos todos que batalhar com a vida. Oscilo em meio a contradições: exasperam-me às vezes fatos mínimos, e catástrofes poderão deixar-me indiferente. Contudo, a minha vida é hoje mais apaixonante do que nunca.
Fonte: Valter da Rosa Borges